Sintonia Solitária

Hoje acordei me sentindo só.

Isso não seria tão novidade caso dessa vez não houvesse um detalhe: vontade de curtir a solidão.
Desejo de dançar em sintonia perfeita com a sombra que meu corpo projeta quando não deixa passar a luz.
Reclamo tanto que me sinto só, mas esqueço-me de usufruir dos prazeres solitários.
Hoje quero me pagar um cinema, me oferecer uma bebida, me levar para tomar um sorvete e ver o sol se por. Sorrir, não para agradar ninguém, mas para me sentir plena.
Olho para o mar e vejo agitados os cavalos das ondas, agitação que me tranquiliza. Quero me arrumar, ficar bonita para a pessoa que mais me valoriza. Cuidar do cabelo, da pele, das unhas... Comprar para mim um presente. Saborear cada minuto que passo ao meu lado, desligando-me de problemas, preocupações e não pensar mais em ninguém.
Envolver-me na melodia do vento, sentir a pulsação do meu corpo, encher de ar os pulmões e renovar minhas células.

Vou ouvir música e me deliciar na harmonia das notas. Vou falar um “EU TE AMO” para mim, com toda a certeza de que é sincero!

Vontade de escrever e divulgar, afinal, melhor do que se sentir só, é compartilhar solidão.

Janaína Abdon

É com o desejo de “compartilhar solidão” que crio esse blog. Quem me conhece sabe que não calo a boca e estou sempre fazendo novas amizades, exatamente por isso, ficava triste quando não tinha alguém por perto, do outro lado da linha telefônica ou da web... Depois de tantos questionamentos e leituras a respeito da importância do silêncio, senti a necessidade de me entregar à solidão em alguns momentos. Preciso de momentos meus. Vou me dedicar um pouco mais a uma das minhas paixões que é a escrita. Compartilharei aqui alguns de meus importantíssimos momentos de encontros solitários: “eu, eu mesma e o teclado”.

“Nesse silêncio eu posso ser tudo que existe sem deixar de ser eu mesma. Sinto o gosto da tua boca, tua pele, tua presença me esquenta, sem me repartir, pois estou em todas as coisas e acho que calada eu falo mais do que quando eu digo. No final de tudo, apenas este enorme nada, cheio de luz, cheio de nós. E o que eu digo não é o que você ouve, pois você ouve o que o seu silêncio traz dentro de você!”

“Desilusão, danço eu, dança você, na dança da solidão...”.